Entendendo as Plainas de Bancada
(Understanding Bench Planes)
Por Christopher Schwarz
As plainas de bancada (“bench”) têm três funções na marcenaria: junção ou nivelar, suavizar ou alisar e remover ou desbastar a madeira. Parece simples quando você coloca desta maneira, mas muitos marceneiros ficam confusos com os diferentes tamanhos das plainas de bancada disponíveis, desde a pequena nº 1 (5-1/2 " de comprimento) até a enorme “jointer” nº 8 (24” de comprimento).
Adicione a esta mistura todas as novas plainas “bevel-up” (gume para cima) que estão disponíveis à venda, e a confusão ficará tão grande que fará você querer a sua lixadeira de cinta de volta.
Acredite ou não, há uma maneira de dar sentido a todos os tamanhos e configurações diferentes das plainas de bancada e para selecionar algumas que você precisa em sua oficina. Você não precisa de uma plaina de cada tamanho para fazer um bom trabalho (entretanto, não conte isto à minha esposa). Na verdade, é perfeitamente possível fazer todas as tarefas típicas de plaina de bancada com apenas uma ferramenta (mais sobre isso mais tarde).
Neste artigo, vou passar por toda a linha de plainas de metal e descrever qual é o melhor uso para cada ferramenta. Porque as pessoas podem trabalhar madeira de maneiras tão diferentes, que eu vou admitir que o que se segue são doses iguais de experiência, preferências pessoais (formada por anos de exercício) e a teimosia de quem cresceu nas montanhas.
Mas antes de mergulhar no assunto e descrever cada plaina, vamos primeiro dividir as ferramentas em três grandes categorias: os plainas de suavizar ou alisar (“smoothing”), plainas para desbaste (“jack e “fore”) e plainas de junção ou nivelar (“jointer”).
Três usos para Três tipos de Plainas
Você pode dizer muito sobre a finalidade de uma plaina à partir do comprimento da sua base
• Plaina para suavizar ou alisar (“Smoothing”) têm uma base que varia de 5 "a 10" de comprimento. O trabalho principal da plaina de suavização é preparar a madeira para o acabamento. É tipicamente a última plaina a tocar a madeira.
• Plainas de desbaste (“jack” ou “fore”) tem uma base que varia de 14" a 20" de comprimento. O uso tradicional (mas não único) da plaina “fore” é para remover o material rapidamente. Em virtude de sua longa base também tende a endireitar a madeira em algum grau. A plaina “fore” normalmente é a primeira a ser usada para deixar a madeira na sua medida aproximada.
• Plainas de junção ou nivelar (“jointer”) têm a base que varia de 22" até 30" (nas plainas de madeira). O trabalho principal das plainas “jointer” é endireitar a madeira, uma tarefa em que se sobressai em virtude de sua longa base (quanto mais longa a base, mais reto o trabalho resultante). A plaina é usada depois da plaina ”fore”, e antes da plaina de suavizar (“smoothing”).
Plainas para suavizar (“smoothing”)
Vamos começar pelo final da escala e olhar para as plainas de suavizar. As pessoas tendem a ficar com várias dessas (por vezes, até nos mesmos tamanhos). Por quê? Bem, porque há muitas disponíveis e diferentes maneiras de configurá-las.
Tamanho da base: 5-1/2 "
Largura da lâmina: 1-1/4 "
Apreciadas pelos colecionadores, a plaina de bancada nº 1 é como um cão exótico. Ela foi desenhada para fazer as pessoas pegá-las e dizer: "É tão bonitinha!". E é feita para esvaziar sua carteira - é fácil gastar US$ 1.000 em uma nº 1 antiga. Com um preço assim, ela tem que ser uma plaina incrível e útil, certo? Não.
Alguns marceneiros gostam de usar a nº 1 no lugar de uma plaina “block” - marceneiros com artrite relatam que é mais fácil manuseá-las do que uma plaina “block”. Alguns marceneiros compram a nº 1 para seus filhos. Outros marceneiros têm aplicações específicas em pequena escala para a nº 1, como trabalhar “almofadas” de portas e painéis.
Mas na verdade a nº 1 não é um tamanho útil para a construção de móveis. Você não pode segurá-la como uma plaina normal porque não há espaço suficiente para acomodar os dedos na frente do cabo. E ajustar a profundidade de corte não é fácil porque o espaço atrás do “frog” (palmela) é apertado. Adicione a isso o fato de que a lâmina é tão estreita que você vai perceber que está trabalhando muito para aplainara lateral de um móvel.
Compre uma, porque você quer uma. Mas não se engane em pensar que você vai usá-la tanto assim. A maioria dos marceneiros acaba colocando-a em uma prateleira e admirando-a.
Tamanho da base: 7 "
Largura da lâmina: 1-5/8 "
Pobre da plaina nº 2. Não é tão rara quanto sua irmã menor e mais bonita, nem é muito mais útil. Colecionadores a amam, embora a nº 2 não alcance os mesmos preços da nº 1. Marceneiros sentem-se atrapalhados com ela. É quase impossível segurar o “cabo”, porque é muito pequeno. E segurando a ferramenta faz você se sentir como se fosse um gigante desajeitado.
Eu ouço, ocasionalmente, que a nº 2 é uma plaina de suavização boa para as crianças. Geralmente é grande o suficiente para suas mãos, e não é muito pesada. As antigas pesam 2-1/4 lbs. E eu ouvi de uns poucos marceneiros, que tinham as mãos anormalmente pequenas, que acabavam sendo adequadas para uma nº 2. Mas fora isso, eu acho que é melhor evitar a nº 2 a menos que você tope com alguma necessidade específica.
Tamanho da base: 8 "
Largura da lâmina: 1-3/4 "
A nº 3 é uma das plainas mais negligenciadas no mercado. Devido ao seu tamanho pequeno, é confundida com a nº 1 e nº 2, na categoria de "bonito, mas inútil". Nada poderia estar mais longe da verdade. Se eu fosse fabricante de plainas, a nº 3 seria a menor plaina na linha de produção. Ela é realmente uma ferramenta útil.
Você pode acomodar sua mão confortavelmente em torno do “cabo” e manusear os controles com grande facilidade. O punho frontal é grande o suficiente para trabalhar como uma plaina de bancada tradicional. E a lâmina é grande o suficiente para ser um tamanho útil. Então para o que é boa? Eu uso uma nº 3 para duas coisas: a suavização de peças pequenas (tais como trilhos estreitos e travessas) e para a remoção de marcas de “tear-out” em áreas muito localizadas em um grande painel.
A ferramenta é ideal para peças pequenas, porque você pode facilmente equilibrá-lo em peças de apenas ¾ " de largura sem problemas de inclinar ou sair da trilha.
Quanto à remoção de marcas de “tear out”, o pequeno comprimento da sola torna isso possível. Quanto mais curta a base, mais a ferramenta é capaz remover marcas de ”tear-out”. A base maior de uma plaina nº 4 vai impedir que a ferramenta remova mais de uma “fatia” (talvez duas) em uma pequena área. A nº 3 vai mais fundo onde as outras ferramentas simplesmente não vão.
Tamanho da base: 9 "
Largura da lâmina: 2 "
A plaina para suavizar (“smoothing”) nº 4 é historicamente o tamanho mais comum. Tem uma ótima relação de comprimento da base e largura da lâmina, sendo ótima para peças de mobiliário. E a última parte da frase é o que é importante aqui: peças de mobiliário típico variam de 2" a 24" de largura e 12" a 48" de comprimento. Isso é uma generalização grosseira, mas funciona.
E outro indício de que o nº 4 é útil é a popularidade: Quando você está procurando uma plaina antiga, você encontrará 10 nº 4 para cada uma nº 3.
Eu uso uma nº 4 para a maior parte do meu trabalho em mobiliário. E porque eu trabalho com madeiras duras, eu tenho a minha nº 4 equipada com um “frog” de 50°, que ajuda a reduzir as marcas de “tear-out” (um “frog” de 55° também está disponível para madeiras difíceis.) Esta não é a ferramenta que normalmente uso em madeiras nacionais difíceis ou exóticas, para isto eu uso uma plaina “bevel-up” (gume para cima) - veja mais abaixo
Outro detalhe importante da nº 4: Não é muito pesada e não vai cansá-lo tão rapidamente quanto as plainas maiores
Largura da lâmina: 2-3/8 "
Que diferença faz uma polegada. A nº 4-1/2 é um pouco maior do que o nº 4, mas a polegada adicional é um divisor de águas. A plaina ”smoothing” 4-1/2 é mais popular agora do que era quando a Stanley a lançou e estava sozinha no mercado. Por que isso? Boa propaganda. Vários marceneiros que gostam de ferramentas de alta qualidade têm “louvado” as qualidades do tamanho desta ferramenta. E, como americanos, nós gostamos de tudo grande.
Na verdade, a nº 4-1/2 é uma ferramenta de excelente tamanho, mas desgasta fisicamente o usuário mais rápido porque é mais pesada e tem a lâmina mais larga. Por isso, requer mais esforço para empurrar a ferramenta à frente.
Por outro lado, a vantagem da lâmina maior é que você vai fazer o trabalho em menos passadas, e o peso extra ainda ajuda na pressão que a lâmina exerce na madeira, diminuindo a força para baixo a ser exercida pelo marceneiro. Portanto, não é bem simples avaliar as vantagens e desvantagens de peso, largura da lâmina e esforço para operá-la.
Eu acho que a nº 4-1/2 é ideal para marceneiros que gostam de uma plaina grande e pesada (uma preferência legítima) e para os marceneiros que trabalham com móveis maiores. Se você faz caixas de jóias, a nº 4-1/2 provavelmente não é para você. Se você constrói armários, você vai adorar.
Tamanho da base: 15 "
Largura da lâmina: 2-1/4 " ou 2-3/8”
Não, não está no local errado . Eu quis colocar a nº 5-1/2 na seção de plainas para suavizar ou alisar. Apesar do fato da nº 5-1/2 ser 6" mais comprida do que uma plaina de suavização típica, eu acho que agora é o caso de se legitimar que esta serve mais freqüentemente como uma plaina de suavização, do que outra opção.
Como assim? O professor e artesão Inglês David Charlesworth mudou isto. Charlesworth tem sido um defensor firme de regular esta ferramenta como uma assim digamos, “super smoother” (“super suavizadora”), que é usada em na marcenaria moderna tanto para suavizar, como para nivelar a madeira. A nº 5-1/2 está no meio do caminho entre um plaina de junção/nivelar e uma plaina de suavização, que é por isso que este arranjo funciona.
Em poucas palavras, a nº 5-1/2 é do mesmo tamanho das antigas plainas “painel” inglesas usadas para nivelar painéis, uma forma de ferramenta que era incomum nos Estados Unidos. Artesãos Ingleses usavam plainas de “painel” para alisar grandes superfícies.
A nº 5-1/2 moderna é um par perfeito para o marceneiro que trabalha com máquina de desengrosso e plainas elétricas para o serviço maior e não quer configurar um monte de plainas diferentes para o trabalho manual. Da seguinte maneira: Você faz o trabalho pesado com suas máquinas e, em seguida, usa a nº 5-1/2 para ajustar a madeira, e suavizar o trabalho simultaneamente.
Há desvantagens para quem quer adotar o método de “apenas uma plaina”. O tamanho médio da base torna difícil para você remover marcas localizadas de “tear-out” (ferramentas mais curtas fazem isto com facilidade). Além disso, a ferramenta é difícil de usar para nivelar e preparar bordas de peças longas para colar. Uma plaina “jointer” de verdade torna esta tarefa mais simples.
No entanto, a nº 5-1/2 cobre 90% das tarefas do dia-a-dia, se você usa máquinas estacionárias Eu tenho trabalhado da mesma forma que o Charlesworth em vários projetos e acredito que este método é correto e confiável.
Tamanho da base: 9-1/2 " a 10”
Largura da lâmina: 2” a 2-1/4 "
A moderna plaina de suavização “bevel-up” se tornaram bastante populares recentemente. São ferramentas simples (sem contra-faca ou “frog” móvel), elas são menos caras do que as suas congêneres “bevel-down” (gume para baixo) e elas são facilmente configuradas para ângulos elevados que reduzem as marcas de “tear-out”.
Com todas essas vantagens, por que escrever sobre todas as plainas de suavização e “bevel-down”. Parece coisa de acéfalo.
Bem, não é tão simples. Com as ferramentas de “bevel-up” você tem que abrir mão de algumas coisas. Estes detalhes são importantes para alguns marceneiros (eu incluído) e insignificante para outros. Você tem que pesar os prós e contras.
Primeira desvantagem: a posição dos controles. As plainas tradicionais “bevel-down” têm o ajuste da lamina numa posição ótima: na frente de seus dedos. Você não precisa nem tirar a mão do cabo para ajustar a profundidade da lâmina. Aliás, você pode ajustar a lâmina enquanto a plaina estiver em movimento. Faço isso o tempo todo. Com as plainas “bevel-up”, os controles ficam numa posição diferente na ferramenta, muito baixa para alcançar sem retirar a mão do cabo.
Segunda desvantagem: ajuste lateral da lâmina. Nas plainas tradicionais “bevel-down” existem controles separados para ajuste de profundidade e regulagem lateral (que centraliza a lâmina na abertura da base da plaina). Na plaina Veritas ”bevel-down” , ambos os controles estão integrados em um só ajuste, conhecido como “estilo Norris”. Algumas pessoas adoram esse tipo de tipo de controle. Outras pessoas não se dão bem com este tipo de controle e descobrem que não conseguem administrar ambas funções sem que seja separadamente (ajuste de profundidade e lateral). Na Lie-Nielsen ”bevel-up”, n. º 164, a lâmina é ajustada lateralmente com toques de martelo, por isso tem um conjunto de características diferentes.
Terceira desvantagem: Conforto. Se você está habituado com uma plaina ”bevel down” tradicional, trabalhar com uma plaina “bevel-up” pode ser esquisito. Não há lugar para “apoiar” o dedo indicador, exceto no próprio cabo. E se você está acostumado a estender seu dedo indicador, você se sente “nu”, estranho e com o dedo “sobrando” (ou talvez seja só eu que me sinta assim).
Depois de dito tudo isto, as plainas ”bevel-up” ainda são ferramentas extraordinárias para eliminar marcas de “tear-out”. Porque com o gume voltado para cima, você só tem que regular a afiação da lâmina para um ângulo maior. Esta é uma grande vantagem e pode pender o pêndulo para o lado das “bevel-up”, e é a razão pela qual eu gosto deste tipo de plaina e mantenho sempre uma a mão, ajustada com grande ângulo de afiação (eu gosto de 62 °).
Se você trabalha com madeiras exóticas ou madeiras difíceis, eu não me preocuparia com as plainas tradicionais “bevel-down”. Desculpe, mas isso é como vejo a situação. Eu iria direto para os modelos ”bevel-up”. Você vai ser feliz nesta escolha.
Mas se você trabalha com madeiras macias, você deve considerar as vantagens e desvantagens entre as duas formas antes de fazer uma compra. Na verdade, os dois formatos são tão diferentes na mão que eu acho que vale a pena fazer um “test-drive” de cada tipo para ver qual você gosta mais.
A Plaina “fore” e “jack”
Bem-vindo ao ”meio do caminho” no mundo das plainas, onde qualquer ferramenta pode fazer qualquer tipo de trabalho e vantagens e desvantagens são abundantes. Historicamente, este tamanho de plaina foi usada para desbaste. Você coloca uma lâmina curvada , regula a abertura da plaina no máximo e tira enormes “fatias” de madeira. Hoje em dia, com máquinas elétricas baratas e precisas, poucas pessoas usam ferramentas deste tamanho na forma inicialmente idealizada. Vamos dar uma olhada.
Largura da lâmina: 2 "
Também chamada de plaina “jack”, a nº 5 é a plaina mais comum deste grupo intermediário. Se uma pessoa comprou esta plaina no período pré-guerra, a plaina mais provável era uma “jack”. Por quê? Bem, a plaina “jack” pode ser configurada para fazer quase todo o tipo de trabalho. Com a lâmina afiada em curva, pode ser usada para remover grandes quantidades de madeira. Configurá-la com uma lâmina reta ou ligeiramente curvada pode ser uma plaina “jointer” mais curta ou mesmo como um plaina “smoother” que não é perfeita, mas você pode ficar surpreso com o resultado. Ainda assim configurá-la com a lâmina minimamente curvada e regulada para passadas leves e você pode usar a “jack” como uma plaina ”smoother” longa.
Eu sei disso porque foi assim que eu trabalhei quando eu tinha apenas uma plaina, que era uma nº 5 antiga. Quando as pessoas me perguntam qual plaina comprar se ele só pode comprar uma, eu costumo recomendar uma nº 5 ou uma “bevel-up” equivalente.
Agora que eu tenho várias plainas, eu uso a nº 5 como uma ”fore”. Com a lâmina fortemente curvada, eu a uso para desbastar grandes quantidades de madeira. Com uma lâmina afiada e madeira macia é possível remover quase 1/ 16 " por passada. É uma ferramenta poderosa, eficaz e útil, mesmo em uma oficina cheia de máquinas .
Largura da lâmina: 1-3/4 "
Às vezes também chamada de plaina “junior jack”, colecionadores de ferramenta dizem que esta plaina é muito comum em leilões de equipamentos usados das escolas técnicas públicas, porque era comumente utilizada para estes cursos. Era um pouco mais leve e menor do que a ”jack” tradicional, o que facilitava para o uso educativo.
Tenho pouca experiência com esta ferramenta e nunca tive uma. O pouco contato com a ferramenta foi suficiente para me convencer de que esta plaina tem um tamanho totalmente incomum. É muito curta para preparar pranchas para serem coladas com precisão. A largura da lâmina é semelhante à da nº 3, mas o tamanho da base a impede de ser usada como “smoothing”. Se você gosta desta ferramenta, levante a mão para eu conhecê-lo.
Tamanho da base: 18 "
Largura da lâmina: 2-3/8 "
A plaina nº 6, que a Stanley chama de “fore” tem uma má reputação. Patrick Leach, que administra o site “Plane & Gore plane-reference” descreve a nº 6 como um pedaço inútil de ferro. Ou, como ele mesmo diz: “adoradores de Satanás, vocês vão achá-las instrumentos úteis durante o seu”ritual de fatiar” bodes, alinhando três delas lado a lado, apontadas para New Britain, para formar o numero “666”.”
Eu já tive algumas nº 6 e realmente gosto delas. Eu as configurava como uma plaina de nivelar (“jointer”) e a tarefa era muito bem executada. Na verdade, descobri que é mais fácil ensinar alguém a nivelar uma prancha com uma nº 6 do que com uma das plainas maiores. Tem menos metal trabalhando!
Eu também uso a plaina nº 6 com o acessório e lâmina de raspagem. Alguém vai pensar que sou louco. Bem, eu também pensava assim, mas é uma boa alternativa para alisar tampos feitos de ripas e tábuas estreitas. Eis o porquê: Quando você cola várias tábuas estreitas para formar o tampo, é difícil conseguir que as fibras estejam todas na mesma direção e com boa aparência. Então, quando você vai alisar o tampo da mesa, você terá várias de reversões de sentido das fibras. Uma maneira de contornar este problema é mudar de direção que esta passando a plaina o que pode ser difícil às vezes. Ou você pode usar uma raspadeira na parte superior do tampo – e a ferramenta ideal para esta situação é uma plaina raspadeira. E com uma plaina raspadeira longa (como a minha nº 6) eu posso raspar a superfície toda sem deixar áreas “marcadas”, o que é um problema com raspadeiras de gabinetes ou raspilhos menores. A boa notícia é que as nº 6 são bastante abundantes no mercado de plainas usadas e com preços razoáveis. Provavelmente graças a Patrick!
Tamanho da base: 5-1/2 "
Largura da lâmina: 1-1/4 "
Uma das perguntas mais comuns que eu recebo aqui na revista é algo assim: "Eu sou um novato, vou comprar um plaina “premium”, e eu quero que ele faça a maioria das tarefas possível porque eu não posso comprar várias ferramentas. Que plaina devo comprar? "
A resposta é comprar uma das plainas ”jack bevel-up”. Existem vantagens e desvantagens (veja a seção acima a respeito das plainas “bevel-up” de suavização), mas estas ferramentas “bevel-up” são extraordinariamente úteis, versáteis, adaptáveis e fáceis de usar.
Se você comprar uma lâmina extra, você pode ter uma plaina de suavização longa com um ângulo de corte alto. Você pode ter uma plaina “jointer” curta que é boa para juntar bordas de até 36” de comprimento. E você pode colocar uma lâmina com o corte reto e usá-la para acertar bodas numa “shooting board”. Nenhuma outra plaina que eu tenho pode fazer as três coisas como uma “bevel-up” pode.
A única coisa que este tipo de plaina não faz muito bem é trabalhar como um plaina ”fore”, de desbaste. Eu não fui feliz colocando uma lâmina fortemente curvada na plaina para desbastar grandes quantidades de madeira. Talvez haja alguma maneira de fazer isto ou eu esteja fazendo algo errado.
Plainas de nivelamento (“Jointer“)
A maior ferramenta da família de plainas de bancada é projetada para endireitar e nivelar o trabalho. Elas são uma das ferramentas mais importantes no meu arsenal, embora muitos marceneiros passem a vida toda sem usar uma destas uma vez sequer.
Largura da lâmina: 2-3/8 "
Alguns marceneiros usam uma plaina nº7 para todas as suas necessidades de aplainar. Alan Peters, uma “lenda” da marcenaria usava uma nº 7 para nivelar, suavizar e acertar bordas. Se você regular a ferramenta precisamente for um marceneiro habilidoso vai descobri que é bem possível de se fazer o mesmo. Assim como meus experimentos com uma nº 5-1/2, eu tentei usar uma nº 7 para tudo também. Fiquei surpreso como é fácil, uma vez que me acostumei com o peso da ferramenta, inclusive equilibrando-a em trabalhos de pequenas dimensões.
Em uma oficina tradicional, a nº 7 é o tamanho mais comum de plaina “jointer”. Ela é usada para nivelar as bordas de tábuas longas para formar painéis grandes. E é usada também para deixar as superfícies das tabuas planas e precisas.
Eu uso a “jointer” da seguinte maneira na minha oficina: Eu faço todo o trabalho “pesado” de aplainar e desengrossar nas máquinas estacionárias e depois faço o serviço final de ajuste com uma “jointer”. Parece estranho? Experimente uma vez. A maioria das máquinas pode deixar a superfície plana. Uma plaina “jointer” pode melhorar ainda mais. E superfícies preparadas com precisão são muito importantes no momento de preparar as juntas e encaixes.
Eu também costumo usar a nº 7 para preparar as bordas de tábuas e pranchas para colá-las. A plaina “jointer” me permite deixar o perfil das bordas levemente côncava no sentido longitudinal, de forma que ao juntá-las, as extremidades fiquem mais pressionadas que a parte central das peças. Isso permite que você use menos grampos e mantém as extremidades da junção em maior pressão. Como as extremidades secarão primeiro, não haverá o risco de “abrirem” quando a parte central secar, ou mesmo quando a umidade variar, minimiza o risco das juntas se moverem.
Há muita controvérsia sobre como a lâmina da “jointer” deve ser afiada. Alguns preferem em linha reta, outros em curva. Eu uso uma lâmina ligeiramente curvada porque pode-se trabalhar com ela descentralizada, corrigindo eventual desnível da borda. E quando eu aplaino a face das tabuas, a lâmina curva reduz a chance de que os cantos da mesma deixem marcas na madeira.
Largura da lâmina: 2-5/8 "
O nº 8 parece apenas um pouco maior do que o nº 7. Mas, na realidade, a nº 8 é uma ferramenta enorme em comparação com o nº 7. Parece haver algumas características marcantes, quando se trata de tamanhos de plainas, e o tamanho da nº 8 é definitivamente um tipo marcante de ferramenta.
Algumas pessoas não gostam do peso extra e largura da plaina, outros adoram. Eu estou no time do "amo-a". Apesar de eu usar uma nº 7 no trabalho, eu tenho uma nº 8 na minha oficina em casa (talvez por isso não tenho que dividi-la com ninguém).
Eu descobri que a nº 8 funciona como um trem de carga. Uma vez que você começou, há pouco que vai impedi-lo de avançar. Isto é útil quando se trata de trechos com nós duros ou fibras contrarias. A nº 8 atravessa isto sem problemas.
O peso extra vem com um preço: aplainar pranchas grandes pode ser bem mais cansativo. E você tem que manter a lâmina mais afiada do que você faz com a nº 7. Toda a massa extra e largura faz com que a nº 8 seja mais difícil de empurrar quando a lâmina já perdeu parte do fio. E certamente você vai querer ter um pouco de parafina à mão para lubrificar a sola. Essa é uma boa idéia para qualquer plaina, mas é uma necessidade para a “garotona” do mundo das plainas
Largura da lâmina: 2-1/4 "
Por causa do meu encanto com as plainas “jack bevel-up”, seria lógico que eu tivesse o mesmo entusiasmo pela “jointer bevel-up” Não é bem assim.
A plaina “jointer bevel-up” é mais fácil de usar do que a similar “bevel-down”. E é mais barata. Mas também tem um baixo centro de gravidade, e o centro de gravidade alto da plaina jointer ”bevel-down” faz com que seja mais fácil para eu sentir quando a ferramenta está inclinando para a esquerda ou direita. Em outras palavras, eu posso sentir o nível melhor com uma plaina “jointer bevel-down.” E a plaina “jointer bevel-up” não me dá esse mesmo feedback.
Excetuando-se este ponto, as vantagens e desvantagens são exatamente as mesmas das
outras plainas “bevel-up”.
outras plainas “bevel-up”.
Espero que você tenha achado este artigo útil,
Christopher Schwartz
Tradução livre do artigo “Understanding Bench Planes”, escrito por Christopher Schwartz e publicado na revista Popular Woodworking Magazine, edição de outubro de 2008. Os direitos de publicação pertencem à Popular Woodworking Magazine.
Christopher Schwarz é atualmente colunista da revista Popular Woodworking, onde foi editor, de 1996 até junho de 2011. É ainda colunista do Fine Tool Journal e produz vários vídeos educacionais em conjunto com a Lie-Nielsen Tools. É um dos fundadores da editora Lost Art Press, que produz livros e vídeos sobre as técnicas, e ferramentas, tradicionais e antigas de marcenaria.
Popular Woodworking é uma revista publicada nos EUA, originalmente em inglês, com 7 edições anuais, de propriedade da Editora F+W Media.
Traduzido por Henrique Barbosa, mediante autorização da Popular Woodworking Magazine e do autor.
Colaboração: Predro "Neptuno".
Colaboração: Predro "Neptuno".
Glossário
Vários termos neste artigo foram mantidos em inglês. Em alguns casos fiz referência ao equivalente em português em outros mantive o original. Para todas palavras mantidas no original, segue abaixo o significado ou ao menos uma explicação do significado em português. Quando encontrei mais de uma explicação, optei pela mais apropriada.
Bevel – chanfro na extremidade da lâmina, onde é feito o gume cortante;
Bevel-down - tipo de lamina que é instalada nas plainas apropriadas e cuja lâmina é instalada com o chanfro virado para baixo. Este tipo de plaina tem um suporte móvel para a lâmina, chamado “frog” (ou palmela) – ver abaixo;
Bevel-up – tipo de lamina que é instalada nas plainas apropriadas e cuja lâmina é instalada com o chanfro virado para cima;
Chip-braker – espécie de suporte, ou “contra-faca” para as lâminas “bevel-down”. É este suporte que dá a firmeza do gume da lâmina no “choque” contra a madeira.
Fore – plaina de desbaste. Corruptela de “before”, plaina usada para desbaste, e é chamada assim por ser a primeira a ser usada (before significa “antes” em inglês;
Frog – também conhecido como palmela, é a base onde a lâmina é fixada. A regulagem desta base afeta a distância ente a abertura da base e a lâmina da plaina;
Jointer – plaina niveladora;
Jack – é uma plaina ideal desbaste, mas por ser mais versátil que isto, era a plaina que todos tinham. Uma espécie de “João faz tudo”, e Jack é o apelido dado a quem se chama John;
Shooting board – aparato de madeira usado para nivelar em esquadro (esquadrejadeira);
Smoother – plaina suavizadora ou alisadora;
Tear-out – é um “defeito” causado por problemas no trabalho de aplainar. Tem o aspecto de um descamado, resultante de diversos fatores como tipo da madeira, direção da fibra ou mesmo com a plaina usada.
Links relacionados
Veritas Tools - www.veritastools.com
