Confesso que hesitei no início, afinal não gosto de dirigir quando estou no exterior e por conta de um problema chato de coluna, longas viagens são sempre um "tormento".
Mas acabei sucumbindo e dirigindo quase 3 horas e meia em direção ao norte do país, atravessando os estados de Massachussets, New Hampshire e Maine. A viagem é linda, peguei a época em que as árvores estão perdendo o "verde", e assumindo cores que vão do amarelo ao vermelho. Grande parte do caminho é feito em estradas muito boas, com mais de 4 pistas em cada sentido e poucos pedágios para os nossos parâmetros. A parte final fica mais apertada e passando por dentro de cidades, mas até isto vira diversão.
Ao chegar na Lie-Nielsen, já no show room eu me senti como personagem do filme "A Fantástica Fábrica de Chocolates", porém numa fábrica de ferramentas. Fui convidado a fazer um tour pela empresa toda, conhecendo todas as fases de fabricação das famosas ferramentas, com exceção da fundição que é feita numa outra empresa fornecedora do Maine.
A fábrica tem máquinas modernas, como fresas CNC, mas tem ainda muitas máquinas com mais de 50 anos, fazendo todo o tipo de serviço. Do esquadro das solas das plainas ao gume das lâminas, grande parte do trabalho é feito em máquinas.
E é aí que entra um importante detalhe, depois de cada fase de trabalho com máquinas, todo processo de montagem e acabamento é feito manualmente, com checagem o tempo todo da qualidade, precisão e acabamento. Peças que não esteja absolutamente perfeitas são descartadas.
Ao longo de toda a visita, encontrei funcionários sempre solícitos, explicando o que faziam e muitos surpresos pela presença de um "brazuca" naquelas bandas. A empresa parece uma grande família e acredito que seja reflexo da forma como o proprietário, Thomas Lie-Nielsen, os trata, assim como ele trata o seu próprio negócio, com seriedade, franqueza e atenção.
Tive oportunidade de conversar com ele e falar sobre as novidades que devem ser lançadas em breve. Ele é absolutamente perfeccionista e não admite lançar uma ferramenta que não esteja dentro dos padrões reconhecidos de qualidade e acabamento. Como disse antes, ele é muito franco e direto, mas muito acessível.
Depois desta visita, eu entendi o porquê das ferramentas deles serem mais caras. Empresa de porte menor, com extremo cuidado com qualidade, inspeção e acabamento manual, implicam em preços mais altos, o que não é novidade, mas agora tenho certeza que elas valem cada centavo.
Visitei ainda a sala de cursos e workshops, que fica num prédio anexo ao prédio principal. A sala é linda, o ambiente muito bom para trabalhar, muito clara e ampla. Estou de olho numa nova oportunidade de visita-los.
Ao final, de volta ao show room, testei algumas ferramentas, não resisti e acabei comprando mais alguma coisa para o arsenal. Como sempre, fiquei neurótico com peso e tamanho, comprei apenas coisas pequenas e acabei me arrependendo na volta ao Brasil.
Valeu a viagem, o Maine é lindo. Visitar a Lie-Nielsen e conhecer as pessoas que fazem estas ferramentas fantásticas foi muito bom.
Eu recomendo a visita para todos que forem à região.
Foi um grande dia!
Observação: a foto no início do post não é minha (ela foi tirada do blog Heritage School of Woodworking), eu acabei me esquecendo de tirar mais fotos, de tão interessado que eu fiquei na visita.
Foi um grande dia!
Observação: a foto no início do post não é minha (ela foi tirada do blog Heritage School of Woodworking), eu acabei me esquecendo de tirar mais fotos, de tão interessado que eu fiquei na visita.